quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Desenvolvimento e Aprendizagem na Primeira Infância

Desta vez a minha postagem incide sobre o desenvolvimento e aprendizagem na Primeira Infância, também este foi um dos estudos que fiz na faculdade a par com a Vanessa e que podem ser úteis para as vossas pesquisas e para confrontarmos as nossas opiniões... Beijinhos e boas lçeituras :p
Desenvolvimento na Primeira Infância

“O desenvolvimento da criança dá-se em dois planos diferenciados e, ao mesmo tempo, estreitamente relacionados entre si: o fisiológico e o psicológico.” [1]

O desenvolvimento é um conjunto de transformações físicas, fisiológicas e psicológicas da criança durante toda a sua vida. As mudanças ao nível do desenvolvimento dependem das características de cada criança, das suas atitudes e experiências. Ou seja, cada criança tem o seu próprio ritmo de transformações, logo desenvolve-se de forma diferente de outra criança da mesma idade.[2]
“Os dois primeiros anos de vida são o melhor momento para estimular a actividade do sistema nervoso e potenciar ao máximo o estabelecimento das ligações neuronais necessárias para um bom desenvolvimento posterior”. [3]
É até aos três anos que é mais notável o desenvolvimento da criança, em todos os aspectos, pois é neste período que ela mais aprende/cresce.
Nesta fase, o bebé dá um salto enorme a nível evolutivo. Quando nasce capta toda a informação sobre o mundo que o rodeia através da capacidade sensorial (tacto, paladar, olfacto, audição e mais tarde a visão), que ajudam na mobilidade motora. Esta permite que a criança conheça e se oriente cada vez melhor no mundo que a rodeia.
Os três primeiros meses são fundamentais para que a criança adquira controlo sobre os seus movimentos. “Quanto mais o bebé é capaz de fazer, mais é capaz de explorar e, quanto mais explora, mais aprende e realiza.”[4] Ou seja, o desenvolvimento das competências motoras realiza-se de uma forma sequencial, onde cada capacidade adquirida origina uma nova. A realização destas capacidades processa-se segundo o princípio céfalo-caudal e dos segmentos próximos para os distais.
Piaget[5], na sua teoria do desenvolvimento cognitivo, considerou quatro estádios principais de desenvolvimento, cada um representa um período da vida da criança durante o qual as estruturas psicológicas, vão sendo cada vez mais complexas e abstractas.
Na primeira infância, há que destacar o primeiro estádio – Sensório-motor no qual a criança constitui a sua inteligência com a ajuda de objectos e os seus sentidos. Tal como o autor diz: “ O conhecimento não provém, nem dos objectos, nem da criança, mas sim das interacções entre a criança e os objectos.”[6]. Ou seja, para a criança aprender, tem que interagir com os objectos, se não houver tal interacção (exploração por parte da criança) não há aprendizagens, logo não há desenvolvimento.
A linguagem é um dos aspectos principais do desenvolvimento cognitivo. O choro é a primeira forma de linguagem que a criança emprega, com o passar dos meses, a criança assimila os sons básicos da sua língua, começa a compreender o que lhe é dito, finalmente surgem as primeiras palavras e frases simples, aumentando o seu vocabulário.
A nível psicossocial, Wallon[7] defende vários estádios de desenvolvimento da criança consoante as suas idades. O estádio Impulsivo-Emocional, que ocorre no primeiro ano de vida, refere que a predominância da afectividade orienta as primeiras reacções do bebé às pessoas, que intervêm na relação dele com o mundo físico. Assim, segundo o autor, se não houver interacção da criança com outras pessoas a nível afectivo, também não haverá com o meio físico (objectos), impedindo a evolução.
Por outro lado, Erikson[8] defende que as crianças se desenvolvem melhor com um bom ambiente social e com crises afectas a estas idades, pois após as ultrapassarem terão adquirido novos saberes. Ou seja, os novos problemas (chamados crises) que vão surgindo são os objectivos que ela quererá atingir, e são cada vez mais complicados, conforme se vai processando o seu desenvolvimento, de modo a que quando a criança aprende a resolver um problema, surge outro mais complexo, deste modo ela desenvolve-se.
Segundo vários autores, o modo como se processa a relação entre a mãe e o bebé (vinculação) tem um forte impacto no desenvolvimento cognitivo e psicossocial do bebé.
Segundo Luís Borras et al, defende que “Desde muito cedo podemos estimular algumas áreas do cérebro do bebé. Ler-lhe histórias ajudá-lo-á mais tarde a desenvolver a memória, a atenção e a linguagem”[9]
Constatamos que são várias as áreas de desenvolvimento que estão em constante evolução nesta tenra idade: motora, linguística, cognitiva e psicossocial. No entanto, também é importante salientar o desenvolvimento da confiança, da vinculação e a da comunicação emocional que acaba por estar interligada à já referida área da linguagem, tendo um grande impacto no desenvolvimento da criança.

Aprendizagem na Primeira Infância

“Os bebés e as crianças mais novas aprendem fazendo, porque os seus jovens cérebros estão particularmente predispostos para a acção.”[10]

A aprendizagem é uma mudança de comportamento e de atitudes relativamente duradoura e que tem como base a experiência, a prática e a idade das crianças em questão[11].
É a aprendizagem que permite que a criança se adapte às condições do ambiente sempre em mudança. Desde o nascimento até à morte, o individuo adquire saberes e desenvolve capacidades, mudando-se a si mesmo enquanto pessoa. Esta mudança ocorre devido à aprendizagem, pois sem ela não há mudança nem desenvolvimento.
Os bebés e as crianças pequenas aprendem comportamentos, hábitos e conhecimentos de muitas formas: através da experiência, dos elogios e castigos, da observação e repetição do comportamento dos adultos, etc.
Tal como defende Bandura[12], existem quatro elementos de aprendizagem usados pela criança na observação: a atenção, a retenção, a reprodução e a motivação.
A criança está sempre atenta àquilo que a rodeia, reagindo a estímulos e captando informação, que posteriormente vai reter (ou esquecer conforme a motivação), seguidamente ela irá reproduzir um acto motivado. Isto depende das suas capacidades, as crianças mais novas conseguem reproduzir apenas actos simples (imitação).
Elas começam por explorar objectos de um modo simples (segurá-lo, sentir o seu peso e textura, ouvir a sua música etc.) ocorrendo assim um processo de assimilação, ao mesmo tempo que se adapta aos objectos que a rodeia. Com o desenvolvimento da linguagem, a criança aprenderá a desenvolver o seu raciocínio, a partilhar ideias e até a exigir respostas às suas dúvidas, o que lhe permitirá – através deste novo recurso - conhecer mais facilmente o mundo que a rodeia.
É também através da rotina que as crianças tomam consciência das sequências temporais, dando-lhes segurança e permitindo-lhes criar expectativas sobre o futuro. Ou seja, a criança deve ter experiências variadas, mas mantendo uma determinada rotina para que se sinta bem, aprendendo a comportar-se nas diversas situações.
Os bebés também aprendem através da imitação, imitando as expressões, modo de agir, atitudes e comportamentos de outras pessoas (especialmente pais e educadores) que consideram modelos.
“A criança desde que nasce dedica grande parte do seu tempo a brincar. Ao longo dos primeiros meses ficará encantada com tudo o que estimule os seus sentidos e lhe chame a atenção”.[13] Ou seja, o jogo (seja motor ou simbólico) é um poderoso instrumento de aprendizagem para a criança da primeira infância, pois permite que ela se conheça a si própria e o meio ambiente, este deve ser convidativo a brincadeiras e simultaneamente seguro.
Na abordagem do High/Scope[14], a aprendizagem activa defende que os bebés e crianças devem observar os objectos e/ou pessoas que suscitam o seu interesse, de modo a que, através dos seus 5 sentidos, elas conheçam o mundo e passem a confiar naqueles que delas cuidam, assim, através destas explorações, elas facilitam a sua própria aprendizagem e desenvolvimento.
Parte destes aspectos acerca da aprendizagem resumem-se a uma abordagem comportamental, onde se destacam dois processos simples de aprendizagem[15]: o condicionamento clássico, em que um estímulo neutro, depois de repetido inúmeras vezes, tem o poder de estimular a resposta; e o condicionamento operante, em que uma acção é punida com o intuito de não se reproduzir, e as acções correctas são elogiadas para que tendem a repetir-se.

[1] CORREIA, Mário, O Livro do Casal – Psicologia infantil e juvenil – vol 6, Sagitário, Lisboa, 1982, pag. 7.
[2] RODRIGUES, Luís, Psicologia 12º Ano – O Essencial para os Exames, Plátano Editora, 1ª Edição, 2005, pag. 58.
[3] BORRÀS, Lluis; Manual de Educação Infantil – Recursos e Técnicas para a Formação no Século XXI, Vol II, Marina Editores, 1ª Edição, 2002, pag. 215.
[4] PAPALIA, Diane; OLDS, Sally W.; FELDMAN, Ruth D.; O Mundo da Criança; Publicações McGraw-Hill; 8ª Edição, Lisboa 2001, pag. 171.
[5] Idem pag. 24 e 198.
[6] HOHMANN, Mary; WEIKART, David, Educar a Criança, Fundação Calouste Gulbenkian, 4ª Edição, Lisboa, 2007, pag. 19.
[7] SILVA, Albino L. M. da, Quem Somos Nós? – Psicologia Evolutiva; Edições Paulinas, Lisboa, 1994, pag. 61.
[8] PAPALIA, Diane; OLDS, Sally W.; FELDMAN, Ruth D.; O Mundo da Criança; Publicações McGraw-Hill; 8ª Edição, Lisboa 2001, pag. 25.
[9] BORRÀS, Lluis; Manual de Educação Infantil – Recursos e Técnicas para a Formação no Século XXI, Volume II, Marina Editores, 1ª Edição, 2002, pag. 217.
[10] POST, Jacalyn; HOHMANN, Mary, Educação de Bebés em Infantários – Cuidados e Primeiras Aprendizagens, Fundação Calouste Gulbenkian; 3ª Edição, Lisboa, 2007, pag. 23.
[11] RODRIGUES, Luís, Psicologia 12º Ano – O Essencial para os Exames, Plátano Editora, 1ª Edição, 2005, pag. 82.
[12] RODRIGUES, Luís, Psicologia 12º Ano – O Essencial para os Exames, Plátano Editora, 1ª Edição, 2005, pag. 87.
[13] BORRÀS, Lluis, Manual de Educação Infantil – Recursos e Técnicas para a Formação no Século XXI, Volume II, Marina Editores, 1ª Edição, 2002, pag. 232.
[14] POST, Jacalyn; HOHMANN, Mary, Educação de Bebés em Infantários – Cuidados e Primeiras Aprendizagens, Fundação Calouste Gulbenkian, 3ª Edição, Lisboa, 2007, pag. 11.
[15] PAPALIA, Diane; OLDS, Sally W.; FELDMAN, Ruth D.; O Mundo da Criança; Publicações McGraw-Hill; 8ª Edição, Lisboa 2001, pag. 27 e 28.

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