domingo, 19 de dezembro de 2010

O Estranho Caso do Cão Morto - Mark Haddon

O estranho caso do cão morto

" No dia seguinte, vi quatro carros amarelos quando ia a caminho da escola, o que fez com que o dia fosse um Dia Negro, por isso não comi nada ao almoço e fiquei todo o dia sentado no canto da sala, a ler o meu manual para o exame de admissão de matemática (...), não falei com ninguém e, durante toda a tarde , fiquei sentado no canto da Biblioteca a gemer (...), isso fez-me sentir calmo e seguro."

(...)
"Voltei a enrolar-me em cima da relva e, mais uma vez, comprimi a testa contra o chão e fiz aquele barulho a que o Pai chama gemer. Eu faço este barulho quando está a entrar na minha cabeça demasiada informação vinda do mundo exterior. É como quando se está chateado e se segura o rádio de encontro ao ouvido, sintonizando-o entre duas estações, e tudo o que se consegue ouvir é estática; depois aumenta-se o volume, até que esse barulho é tudo o que se consegur ouvir, e sabe-se que se está seguro porque não se consegue ouvir mais nada. O policia pegou-me no braço e obrigou-me a pôr de pé. Eu não gostei que ele me tocasse desta maneira. E foi então que lhe bati."

Christopher Boone é o narrador deste magnífico romance, tem apenas 15 anos e sofre de sindrome de Asperger, uma forma de autismo. Possui uma memória fotográfica, é excelente a Matemática e a Ciências, mas o que mais lhe custa compreender é "tão somente" a espécie humana.
A cor vermelha dá-lhe sorte e detesta o amarelo. Quando está nervoso faz contas de cabeça. Tem dificuldades em entender emoções, detesta ser tocado por alguém ou ficar em lugares com muita gente.
O Estranho Caso do Cão Morto é um livro extraordinário onde se aprende a ver o mundo do ponto de vista de uma criança com este tipo de sindrome, visão essa a que poucas vezes temos acesso.
Aprende-se a ver o seu mundo sem a compaixão que quase sempre se associa ao autismo, o que permite compreender as preocupações diárias e a organização mental de quem vive com o facto.
O texto que apresenta este livro foi retidado daqui e foi escrito por alguém que teve exactamente a mesma opinião que eu acerca desta obra.

No entanto não posso deixar de acrescentar algumas curiosidades que o pequeno Christopher fala no livro só para vos aguçar a curiosidade:

* "nos livros, normalmente são atribuídos aos capítulos os números cardinais 1,2,3,4,5,6 e assim por diante. Mas eu decidi dar aos meus capítulos os números primos 2,3,5,7,11,13 e assim por diante, porque gosto de números primos." (pg23)

* "sei de cor todos os países do mundo, bem como suas capitais, e todos os números primos até 7507." (pg 12)

* "as pessoas confundem-me. isto acontece por duas razões principais. a primeira é que as pessoas falam muito sem usarem quaisquer palavras. (...) a segund razão principal é o facto das pessoas falarem frequentemente utilizando metáforas." (pg 27).

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